quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O amor de cada um

Como começar a falar de um tema o qual vários pensadores conceituados tentaram definir? Pessoas de renome, escritores, compositores, poetas. E o mais interessante é que dentre tantas opiniões de tais pensadores sempre há peculiaridade, sempre há uma característica única. E sabe por que? Porquê cada um tem sua definição do que é amar, cada um tem suas próprias experiências. Não há maneira de definir o amor senão por experiências próprias. Isso se da ao fato de que as definições dependem de quem as vivencia. É como um cálculo matemático que depende de vários fatores para que o resultado seja exato, ou ao menos correto, sem ser exato mesmo. Imagine você que há quatro tipos de cálculos da mesma espécie, mas os fatores são diferentes, alguns são constantes outros não, pode ser que alguns números sejam inteiros e outros fracionados e provavelmente você tenha que usar um recurso, uma fórmula diferente pra cada uma delas. Isso até que não é complicado, porque a matemática trabalha com exatidão, raciocínios lógicos, e se você domina isso dentro da matemática, tá tranquilo. Já o amor, o sentimento, não há como dominar, mesmo que você tenha passado por algo que te faça dominar seus sentimentos, logo você se apaixona por outra pessoa que requer recursos totalmentes diferentes. Não há regras, receitas, módulos ou fórmulas mágicas que faça com que tudo dê certo. Eu vou tentar te explicar o motivo. Imagine você dois mundos diferentes, cada um com suas culturas, seus gostos, filosofias, hobbies, valores; imagine, também, que de repente, as gravidades comecem a se atrair e esses planetas acabem se fundindo (aham, eu sei que eu viajei legal agora, mas vai fazer sentido, aguenta aí). Pois então, sabendo que são completamente diferentes, qual a possibilidade de essa fusão ser tranquila? Quase Nenhuma! Provavelmente haja luta para que suas culturas sejam impostas, suas filosofias aceitas, suas regras obedecidas e para que o reino mais forte seja estabelecido. Certo, agora passemos isso para outro contexto. Vamos supor que cada um de nós, cada pessoa, seja um mundo desses. Somos criados de formas diferentes, crescemos de maneiras diferentes, temos influências de amigos diferentes, professores, ídolos, experiências... Tudo diferente. De repente você no seu mundo é 'arrastado' pelo 'poder gravitacional' de outra pessoa. E aí? O que acontece?! Aí alguém muito atento pode responder 'guerra', e é uma resposta lógica devido à analogia dada anteriormente. Mas, definitivamente, não é isso, não é guerra. É uma fusão, uma união pacífica. Porquê? Tá ai uma boa pergunta! 'Porquê as pessoas se apaixonam e se gostam, apesar de todas as diferenças?’. Acho que é aí que entra o tal do amor, pode ser até paixão, não é a mesma coisa, mas já é um indício forte. Em meio ao que poderia ser guerra o amor torna pacífico, aceitável e até necessário. O amor ensina a respeitar diferenças, a aprender com o outro e a precisar do outro. E é claro que eu estou falando do que é recíproco, porquê o amor pode machucar também. Já ouviu falar que 'o amor é o fogo'? Pois é, ele pode tanto te aquecer, quanto te queimar. É um risco que se corre quando se expõe ao amor, você fica bobo, sensível, vulnerável, tudo te encanta, por outro lado, se você já foi vitima de sofrimentos em relacionamento você vai ter medo de sentir tudo isso e, no final, se decepcionar. Mas é exatamente esse medo que te impede de se expor, de dizer o que sente, se arriscar. Pessoas deixam de amar pelo simples fato de evitar escolher evitar o sofrimento. Agora eu te pergunto: realmente vale a pena? Vale a pena deixar de sentir, de ter experiências que poderiam ser boas, deixar de sentir o coração bater mais forte, sentir sua respiração ofegante, sentir o riso involuntário quando pensa em quem se ama? Cada um é cada um, mas digo por mim, não vale a pena deixar de sentir tudo isso. Deixar de viver uma experiência pela possibilidade de não dar certo? Ah PARA!  Gosto muito de um trecho de uma canção que diz o seguinte:
‘Se a gente perder, que seja derrota suada, sofrida, roubada, de mão beijada nem a pau.
 Se a gente ganhar que seja vitória disputada, merecida, conquistada, vou pro pau.
 Apostar a parte bacana do Tal do Amor’ (Tal do Amor – Jay Vaquer)

Tem uma outra composição, essa é minha (YEAH) junto com o meu querido irmão Tácio Ferreira que diz o seguinte: ‘Se é pra ser, que seja pra valer’.
Não falo de amor doentio ou possessivo, aliás, isso nem é amor. Eu falo do amor que tem o desejo de cuidar, o desejo de estar ao lado, fazer bem à outra pessoa, mostrar que você pode ser bom. E quando isso não acontece, quando você não consegue, não se culpe. Pior é não ter feito nada pra dar certo, não ter se doado, ter amado pelas metades, ou pior, nem ter amado. Eu defendo o ato de amar, de ter esse sentimento, de vivê-lo. Por mais que pessoas digam que não vale a pena, que não vai dar certo, acredite! Afinal, só você sabe o que realmente se passa dentro do seu coração, quais são suas dúvidas, isso é único, é seu. E essa fato reforça o argumento de que cada bom escritor como Caio Fernando Abreu, Clarice Linspector, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Drummond Andrade, entre outros. Cada um desses fala do amor com uma imensa propriedade junto de uma imensa particularidade. Eles falam do amor sim, mas do amor vivido, do amor que vem de experiências pessoas, do amor que cada um deles sentiu. Então não se coloque na frente do computador achando que todas as frases servem pra você, que todas as respostas estão lá ou em livros, revistas, buscas do google. Uma coisa ou outra com certeza pode servir, pode te ajudar a diagnosticar seu sentimento, mas quem, de fato, pode dizer o lugar exato é você mesmo. Olhando, sabe pra onde?! Pro seu 'eu', pro seu interior, seu coração. Ah, outra coisa, não confunda empolgação com amor, é um grande erro. O amor é uma coisa grandiosa que não passa em um mês ou dois, não é algo que se troca como se troca de roupa. Como diz um amigo meu: ‘Tem gente por aí que encontra o amor de sua vida cinco vezes ao ano’. E é um fato, tem gente que simplesmente transpõe o sentimento pra outra pessoa, como se não fosse não, mas que fique claro, esse sentimento não é amor. Isso é coisa de quem não sabe o que quer e não sabe o que sente. Tenha convicção de quem você é e o que você busca. Vale a pena lutar por essa pessoa? Se a SUA resposta for sim, vai na fé!
O que podemos especular a respeito do amor é o resultado final dele. Ele pode ser lindo ou desastroso, isso nós sabemos, são as possibilidades. Talvez saibamos até os processos, mas tem uma coisa que não sabemos: as reações. Sim, as reações. Eu não sou muito bom de química mas sei que elementos diferentes produzem reações diferentes. O amor pode ser um elemento em comum o problema é o outro elemento com o qual ele terá reação: nosso coração. Cara coração é única e enxerga de maneira única, eu não posso dizer que a reação em você será a mesma que foi em mim, é diferente. Eu por exemplo me disponho a arriscar pelo que penso valer a pena. Se eu cair, fazer o que? Eu me levanto. A partir do momento que você deixa de se expor você também abre mão de coisas incríveis. Se você se esconde dentro de uma caverna você pode se sentir protegido e seguro, mas vai perder a beleza do que existe lá fora. E eu posso afirmar, por mais que, no final, não seja como pensei, eu faço minha trajetória valer a pena. Enquanto pessoas por aí preferem se esconder atrás de racionalidades, lógicas, conceitos sociais, e pré conceitos sobre o amor, eu penso ser um erro querer rotular e explicar que vai além da nossa compreensão. E outra coisa, pedir opiniões p\ra se situar diante de relações é comum. O que não é comum é você ignorar o que sente pra ouvir a opinião alheia. Gosto muito de uma frase do Steve Jobs:

"Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar." 

'Seu coração e sua intuição', alguém ai discorda? E olha só, se no final o resultado não for o esperado esteja certo de que você lutou até onde pôde,  se dispôs. Esteja certo de que seu percurso não poderia ser diferente e que, indepentendemente dos resultados finais, você deu seu melhor. E da próxima de o melhor de si novamente. E quando der certo, aí sim, você vai entender porquê sempre valeu a pena tentar. Não se importe com a opinião alheia. Como disse Arnaldo Jabour : Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo.  O que as outras pessoas realmente vêem? A não ser que você tenha um amigo muito sensível a você, que tenha realmente empatia quanto ao que você sente, essa pessoa não vai entender. Isso não quer dizer que seja um amigo ruim, aliás, não quer dizer nada. No final das contas quem tem que saber o que sente e o que quer é você, e só você.
Citando Arnaldo Jabour novamente:

Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz’.

E, se cabe um último conselho, aí vai um de Caio Fernando Abreu:

‘Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar,
e persiga-a até o fim.
Mesmo que ninguém compreenda
’. (C.F.A)  

(Ele é bom, né? Eu sei) Mas é realmente assim que eu acho que deve ser.
E se você quer realmente acreditar em uma fórmula mágica, acredite no seu melhor, acredite que você foi até onde pode e deu tudo de si. Se existe uma fórmula, acredito ser essa.
O resto deixe acontecer ; )

Vinícius Frade

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tu te tornas eternamente responsável...

Ontem a noite estava eu em meu quarto refletindo sobre essa frase que já ouvi e li em diversos lugares: 'Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas'. Quanta verdade há nessa frase, né?!  Quão profundo é esse pensamento! Eu, sinceramente, gostaria de pegar na mão do autor, dar uma abraço nele e dizer 'você é o cara'! 
Talvez no tempo em que ele tenha escrito isso fosse mais comum se responsabilizar pelo sentimento cativo das pessoas e, talvez por isso, ele tenha tido esse claro raciocínio.
Bem, na verdade eu não sei qual a ocasião, então, deixemos isso de lado. Agora vamos esclarecer algumas coisas que andam acontecendo e que têm me deixado um tanto quanto inconformado.
Hoje tudo é muito fácil, 'vamos praticar o desapego' diz alguém por ai, 'vamos curtir o momento' diz outro, e existem aqueles que não querem mesmo se envolver pelo medo de se expor, pelo medo de se machucar. Tudo bem, eu até respeito, é uma escolha sua e não minha. Desde que você seja sincero com quem vai se envolver e a outra pessoa aceite isso, é problema dos dois. Agora, o que eu não respeito é o fato de alguém armar uma tremenda situação pra se dar bem, se fazer lobo em pele de cordeiro só pra conseguir o que quer. Me deixe, por favor, definir uma pessoa que age assim: vagabundo, mau caráter, canalha, sujo e outras palavras de baixo calão que poderiam, com certeza, estar aqui.
E então nesse momento você deve estar pensando: 'Nossa, como esse menino tá revoltado'. Então eu pergunto também: E não é pra se revoltar? Pessoas têm cativado sentimentos, emoções, confiança de outras pessoas pra tirar-lhes o que possa ser de seu interesse e depois descartar como se fosse nada! NADA!
Então pra você que é um irresponsável e nunca parou pra pensar o que é cativar, aí vai:

 '(...)Que quer dizer cativar?
    - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
      Significa criar laços...
'
   (Trecho retirado do livro 'O Pequeno Príncipe')


E pra você que é mais desinformado ainda e não sabe o que é 'criar laços' eu dou minha definição. Criar laços, nada mais é que você se 'amarrar' a outra pessoa, como se fossem ligadas de alguma forma, você se apega a ela e ela se apega a você. Partindo do princípio de que tudo esteja claro, vamos continuar.  E antes que você leia e pense: 'nossa, ele ta revoltado porquê isso aconteceu com ele'. Não, não aconteceu! Mas eu tenho visto acontecer e não é apenas um caso ou dois.
Quanta irresponsabilidade uma pessoa pratica com esse tipo de ato? É um atentado à emoção, aos sentimentos, à psique. É um ato imoral diante da pessoa vítima e de quem a cerca. Como se não bastasse prejudicar apenas uma pessoa você prejudica o meio em que ela vive. E sabe porquê? Porquê ela foi cativada. Ela criou laços, ela se ligou em outra pessoa, se apegou a ela. E sabe onde está o maior problema disso tudo? Existiu uma pessoa irresponsável que permitiu que a outra acreditasse nessa história. Esse tipo de pessoa costuma simular tudo como um relacionamento de verdade, e o pior, torna tudo que deveria ser especial sem valor nenhum, palavras de amor, carinho, afeto, presentes. Tudo isso perde o valor por serem palavras vazias, atos vazios, e isso só pra conseguir o que realmente interessa, seja status, dinheiro, sexo. E o pior é que realmente consegue o que quer até se cansar e ir embora, assim, de repente, da noite pro dia. E sabe porquê é tão fácil? Porque essa pessoa que vai embora assim, nunca esteve envolvida de verdade, na essência. Ela não criou laços, apenas dexou a outra pessoa os criar. Covardia! Nem homem nem mulher que se preze tem esse tipo de atitude. As vezes acontece, eu sei, sem querer. Mas quem premedita isso não é nada mais que covarde. Lógico que tem que haver o bom senso da outra parte também. Tem gente que tem escrito na testa 'eu sou cafajeste e vou te enganar'. Mas o fato é que no final quem foi vítima sai machucada, desacreditada, sem esperança no amor ou sem acreditar em coisas que podem dar certo, se fechando pra relacionamentos que poderiam valer a pena. E novamente vem a dúvida na cabeça de alguém: 'E você Vinícius? Faz tudo certo?!'. Olha, se eu faço tudo certo eu não sei, mas quando eu erro, erro tentando acertar. Já fui o cara que não quis nada mais sério, mas eu deixei a outra pessoa ciente disso e já fui o cara que deixou de ficar com alguém que tava muito afim porquê sabia que isso faria a outra pessoa criar laços e se machucar, eu abri mão do que poderia ser prazeroso pra mim pra preservar a outra pessoa. Então, sou livre dessa culpa. Diante de tudo isso, se você se acha esperto(a), faz com que pessoas se apaixonem por você e abandona depois, eu vou te dizer: Vôcê é covarde, dissimulado, fraco e extremamente egoísta. Você fez pessoas pensarem que você estaria ali como apoio, como uma rede pra poderem se jogar e quando elas se jogam, não tem nada, não tem ninguém ali. Você fez a escolha de não se envolver, encare o fato e mantenha as pessoas informadas. Você pode destruir as expectativas e perspectivas de alguém e isso é triste. Não emperre o caminho de quem tá disposto a tentar de verdade. Se você faz alguém acreditar que pode contar com você, então você é responsável por essa pessoa até que ela deixe de pensar assim.
Seja responsável com suas atitudes. Sentimentos doem quando não cuidados, afetam a auto-estima, afeta quem realmente ama a pessoa que sofre. Isso deveria ser crime por lei.
Se você começou errado e ainda da tempo de consertar, faça isso, vale a pena. Esteja disposto a cuidar do que você cativou. Assim como um jardineiro está disposto a cultivar a semente plantada a qual torna uma linda flor que passa a crescer e ser linda e viva a cada dia.

'(...)Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas'
 
(Trecho retirado do livro 'O Pequeno Príncipe')


Vinícius Frade