terça-feira, 26 de julho de 2016

Eu me lembro...

Eu me lembro de quando te vi pela primeira vez, cerca de 15 anos atrás. Eu me lembro do quanto te achava chata e convencida. Eu me lembro que passei dois anos te vendo diversas vezes em lugares em comum que íamos sem sequer te dizer "oi". Eu me lembro era meio bobo demais pra isso, eu '"já" tinha quatorze anos e você só uns onze, eu não arriscaria falar com uma pirralha pra ela ser chata comigo. Me lembro que você tinha um tio super legal que deixava a gente jogar futebol na chácara dele. Lembro que me mudei de cidade e que, apesar de não sermos próximos, você foi em minha festa de despedida. Me lembro que achei legal você estar lá, afinal. Me lembro que fiquei fora um ano e meio e isso não fez nenhuma diferença na sua vida ou na minha, você era só a "prima de um amigo" e eu provavelmente era só um "amigo qualquer do primo". Me lembro de uma das primeiras vezes que te vi após retornar e me lembro de perceber que você não era mais a menina que eu achava chata e convencida que eu havia conhecido. Me lembro que achava seu sorriso lindo e seu olhar brilhava como se seus olhos também sorrissem junto . Me lembro de ter te dito coragem pra te dizer "oi" aquele dia. Me lembro do dia que tive a oportunidade de sentar do seu lado e conversar um pouco com você. Me lembro, que logo após você ir embora, comentei com uma amiga o quanto você estava diferente do que eu recordava. Me lembro de ter te visto no domingo seguinte e só conseguir te dizer "oi" novamente. Me lembro, alguns dias depois, você chegar com seus pais em uma reunião na cada da minha avó. Eu me lembro que havia percebido algo novo em você, era o aparelho nos dentes. Me lembro de ter comentado com você que tinha ficado bonita. A borrachinha mas não sei classificar aquela cor, juro. Me lembro de achar os cachos do seu cabelo super bonitinhos. Me lembro de ter pego seu número pra gente ficar trocando mensagem. E, eu tenho quase certeza, de que seu número de doze anos atrás era (16) 8114-3781 e a operadora era TIM.

Eu me lembro de ter dito àquela amiga, de quando te vi pela primeira vez, que eu queria ficar com você e de ela ter dito que me ajudaria com isso. Me lembro que fomos em uma pizzaria: a amiga, meu primo, você e eu. Me lembro de entrar no carro super nervoso e ter te cumprimentado com um beijo no rosto e de esse beijo ter pego no canto da boca. Me lembro de nós dois tentando disfarçar o constrangimento, mas eu gostei! Me lembro que durante o jantar na pizzaria passou um cara vendendo rosas de sabonete. Me lembro de ter tipo a "super iniciativa" de comprar uma e guardar até a hora de ir embora. Me lembro que ao sair da pizzaria ficamos conversando do outro lado da avenida, em um ponto de ônibus. Me lembro de ter te dado aquela rosa de sabonete e dito, em seguida, que tinha algo pra te falar. Me lembro que travei e não consegui falar por uns 10 minutos. Me lembro de eu ter pressa já que estávamos (em paz, pela primeira vez) só nós dois conversando e logo iríamos embora. Me lembro que juntei coragem pra dizer "Tudo bem, eu te falo. Mas você não pode rir" e você imediatamente riu dizendo que falar assim só fazia ficar engraçado. Eu não me lembro a forma que eu disse ou o que eu disse exatamente, mas lembro que você ficou de pensar no assunto. Eu me lembro que sua resposta pra mim foi "não" e me lembro que fiquei chateado.
Me lembro, também, de ter descoberto que um amigo meu, seu colega de classe queria ficar com você exatamente na mesma época que eu. Fiquei inconformado com o fato de ele te ver todo dia e a disputa ser tão injusta e fiquei com medo de você me trocar por uma menino mais feio que eu. Me lembro ter ido tocar guitarra em sua escola a pedido de uma outra amiga nossa que ia cantar. Me lembro que você estava assistindo e que eu queria muito te impressionar. Me lembro de você ter me apresentado sua melhor amiga da escola na época. Me lembro de um amigo seu, que está com você em uma foto recente, ter comentado que eu era bonito, ou algo do tipo. Me lembro de você rindo ao me contar isso.
Me lembro de quando nossa primeira amiga citada aqui me deu a notícia de que você tinha, por algum motivo, mudado de ideia e queria ficar comigo. Eu não me vi no espelho, mas eu aposto que foi possível ver meu semblante se transformar com um sorriso de satisfação.
Me lembro da primeira vez que te dei um beijo, em uma rua do bairro em que eu morava. O nome da rua é Amaury Rangel, você até poderia ir lá conferir. Me lembro da segunda vez também, na sua escola em uma Festa Junina. Me lembro de ir andando a pé até sua casa pra gente poder subir juntos. Lembro que estudávamos em escolas diferentes e eu vivia enchendo o saco de uma amiga da minha sala, 
 na hora do intervalo, pra poder me emprestar o celular Motorola dela, daqueles enviava torpedos grátis pra poder falar com você. Lembro que nem eu nem você levava nada disso tão a sério mas, definitivamente, gostávamos da companhia um do outro. Lembro que você foi estudar na mesma escola que eu e que tínhamos parado de ficar por um período, mas voltávamos sempre. Me lembro de várias e várias conversas no Msn e dos depoimentos do Orkut, rs. Me lembro que, algumas vezes, descia do ônibus junto com você pra depois ter que ir pra casa a pé. Lembro que subia e descia meu bairro várias vezes por semana, feliz, pra poder conversar com você pessoalmente. Lembro que sua irmã ficava pentelhando e não deixava a gente conversar direito. Lembro da vez que estávamos conversando bem perto, muito perto, e seu pai chegou de carro bem na hora. Me lembro de alguns dias com churrascos no clube, no quiosques, de sairmos disfarçadamente pra dar uma volta, me lembro de alguns dias na sua casa, me lembro de uma blusinha preta, uma saia rosa e de uma melissa verde escuro com salto alto que eu sempre achei que ficavam lindos em você. Lembro que eu tinha muito ciúmes de saber que você tinha ficado com alguém,mas geralmente eu queria mostrar que eu não ligava, era mentira. Me lembro que você gostava de mim mais do que gostava de admitir também. Me lembro que, apesar do carinho, decidimos permanecer só com nossa amizade. Acho que chegamos em um ponto do relacionamento onde a gente não sabia lidar com o que sentia, disso eu não me lembro ao certo afinal, tínhamos algo em torno dos 15 e 17 anos respectivamente.
Me lembro de continuarmos convivendo juntos quase nos mesmos lugares, já que pertencíamos ao mesmo círculo social. Me lembro de quando meu primo/irmão me deixou ver uma conversa de um amigo que disse estar conversando bastante com você e que tava rolando alguma coisa, mas era só conversa. Me lembro de você ter começado a namorar alguns meses depois, aliás, eu estava lá quando você foi pedida em namoro. Tudo bem, éramos amigos de verdade, eu queria te ver feliz (E preferia o G ao K).
Me lembro de termos nos afastado, não voluntariamente, mas por todas as circunstâncias. Me lembro que já não éramos mais amigos próximos, talvez colegas com carinho e respeito mútuos. Me lembro de chegarmos ao ponto de falar "oi" e "tchau" novamente, mas vez ou outro trocar algumas palavras. Não era birra, só circunstâncias. Me lembro que nesse ponto você já não fazia mais parte dos meus pensamentos e, com toda certeza, nem eu dos seus. Me lembro que depois de um tempo eu passei a te achar chata de novo e pensava "eu e ela não ficaríamos juntos uma semana". Me lembro de NUNCA ter cogitado ficar com você novamente e 
nunca algo do tipo havia passado pela minha cabeça, nunca mais. Me lembro de você se sentindo sozinha após algumas coisas darem no seu relacionamento. Me lembro que, apesar da distância ainda havia em mim muita consideração por você. Me lembro de quando você me disse que estava mal e que não servia pra ser uma boa companhia. Me lembro de dizer que talvez você precisasse de boas companhias naquele momento. Me lembro de todas as coisas que aconteceram quase que por um acidente, o abraço, o beijo, os olhares assustados. Me lembro de conversarmos e de tentar entender o que estava acontecendo. Me lembro que no início disso, eu tinha muito ciúme de você ir em festas com suas amigas por você ser linda e os caras serem imbecis e quererem 'pegar' a recém solteira pra sair contando vantagem. Eu me lembro de ter raiva desses caras que eu nem conheci. Eu me lembro de quando eu propus que ficássemos só um com o outro, sem mais baladas.  Me lembro de todas as circunstâncias adversas, desafios, críticas, fofocas que surgiram e que tivemos que lidar. Me lembro do quanto quisemos ficar juntos apesar disso. Me lembro de ter medo e continuar temendo. Mas me lembro de olhar pra você e saber que valia a pena. Me lembro de tentar forçar a barra pra você superar as circunstâncias passadas. Me lembro de tentar forçar você a ver como eu via e foi como enrijecer algo que poderia ser flexível com o tempo, erro meu. Eu me lembro de perder oportunidades de ser a cura pra algumas feridas. Eu me lembro de ter errado muitas vezes, mas eu juro que eu sempre pensei estar fazendo a coisa certa em todas elas. Por outro lado eu me lembro de ter crescido muito ao seu lado. Me lembro de ter percebido de forma nítida a mulher que você havia se tornado. Me lembro que apesar do medo e da insegurança que eu sentia e não admitia algo mais forte sempre me fazia permanecer. Eu me lembro de quando me mudei de cidade. Me lembro de quando retornei. Me lembro do seu Tcc, me lembro de ter vibrado por você ter ido bem e, a cada dia, ir se tornando meu orgulho. Me lembro de pensar na sorte de ter uma mulher tão incrível ao meu lado apesar das diversidades do namoro. Me lembro (e me arrependo) da minha omissão em dizer todas as coisas boas que eu gostaria e por ter me fechado por medo de me expor demais. Me lembro que eu nunca soube lidar com um namoro e, ainda assim, você teve paciência o suficiente. Ok, eu me lembro de ter tido paciência com você também e de você não ter sido muito fácil. Eu me lembro que apesar disso, apesar das circunstâncias, apesar de tudo, continuávamos ali. Eu me lembro de ter errado e me arrependido. Eu me lembro das datas que eu deixei passar por achar que eram bobeira, me esquecendo de considerar o que você pensava. Eu me lembro de ter desculpado erros também, é natural. Eu me lembro da paz que era estar ao seu lado. Eu me lembro muito bem e posso chamar de calmaria! Como bem me lembro e posso chamar de guerra os momentos difíceis, mas não são esses que me marcam. Eu me lembro que, por alguns deslizes, te perdi e quase que imediatamente fiquei desesperado. Me lembro de como fiquei feliz em estar com você novamente após algum tempo. E, por fim, de todas as coisas que eu me lembro e que talvez não tenha ficado claro em todos anos de convivência juntos é que EU TE AMO.
Te amo como parte de mim. Te amo como se nunca houvesse tido ausência de você em mim. 
Eu me lembro de ser o cara fechado que não demonstra e pouco faz questão de demonstrações públicas de afeto. Eu me lembro de partes da minha vida que fizeram com que eu me fechasse dessa forma e criasse medo em mim. Mas, sobretudo, eu me lembro muito bem a sensação de medo de não te ter aqui comigo [e eu só sinto isso quando você de fato não está] e o medo de não ter você sempre faz com que eu supere o medo em me expor. É como se eu estivesse à beira de um abismo, com medo, mas tivesse que resgatar a flor mais linda na beira daquele abismo pra que eu fosse completo e feliz. Te amo a ponto de ter certeza de que quando você não está aqui, meu peito dói [fisicamente] como se uma parte do meu coração tivesse se esvaído. Eu olho pra trás e me lembro de como eu era e só consigo ver o quanto estar ao seu lado me fez mais homem, a cada dia.
Eu me lembro e fico feliz em saber que sempre fiz parte da sua história e quero continuar nos anos seguintes olhando pra trás e saber que estive ao seu lado todo esse tempo. Mas, mais do que lembrar, quero poder celebrar o presente com você. Mais do que lembrar, quero poder, sem medo, sem reservas, continuar vivendo ao seu lado pra um futuro nosso.
Eu me lembro e reconheço que meu jeito de amar sempre foi meio torto, mas eu posso garantir que eu te amei e te amo do fundo do meu coração. Eu não sei porquê me lembro de todas essas coisas, quando eu te conheci eu não imaginava que você seria a pessoa com quem eu quero me casar. Eu me lembro e reconheço que eu demoro aprender e eu sempre aprendo com meus erros, mas só após errar e sofrer com eles. É sério, eu sofro com isso. Eu me lembro de sempre ser desatento e esquecer até que fui no mercado de bicicleta e acabar voltando a pé pra casa. Minha mãe sempre diz que sou atento ao que é importante, mas sempre com a cabeça na lua. Mas aqui está algo pra ser lembrado aqui: eu sempre estive por aqui, eu sempre estive por perto, consciente ou não. Eu sou o cara que viveu sua história com você, como amigo, como colega, como conselheiro, como estorvo, como namorado. Eu sou o cara que nenhum outro vai poder ser, nunca. Porquê eles nunca estiveram onde estive e nunca tiveram o privilégio que tive de ver uma menina se tornar uma mulher tão fantástica. Porquê, por mais que eu tenha precisado de tempo pra trazer tudo isso à tona, todas essas boas e más marcas estão aqui, dentro de mim.
Por fim, eu me lembro de muitas coisas como você pode notar, mas não consigo me lembrar de como é minha vida sem você. E, pensando em você hoje me lembro, como se fosse ontem, do sorriso lindo da menina que, quando sorri, os olhos brilham como se eles também sorrissem junto. 
E, sim, eu me lembro que fiz um texto há alguns meses atrás. E é por isso que esse texto provavelmente não chegue a quem deveria, por quê é só um desabafo do que eu gostaria de dizer, mas que pode soar como se fosse algo qualquer. Por isso não quero fazer muitas promessas dessa vez, eu só quero ser melhor todos os dias até 'sempre'. Eu te amo, me desculpe não saber dizer isso o tempo todo.

Clip - Sei que é Você - Onze 20

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tempo para oferecer flores em vida

Olá leitores! Depois de muito tempo querendo escrever e sem inspiração, as vezes sem tempo e, quase sempre, sem ânimo, resolvi criar coragem e aparecer por aqui. Muitas das vezes eu deixo de escrever por zelar pela qualidade dos textos, em alguns momentos, tenho medo de que caia drasticamente. Mas não quero tomar seu tempo, vamos ao que interessa!



Vocês perceberam o quanto, em algumas linhas acima, eu mencionei a palavra 'tempo'. Precisamos consultar nosso tempo a todo momento, avaliar nossos compromissos e obrigações.
Certamente algumas pessoas têm um cronograma da semana pra não se perder ( o que é legal), mas pra algumas coisas não é necessário cronograma, não é mesmo?! Pois bem, eu quero chegar ao que chamo de  'valor do tempo'. Não que eu saiba exatamente. Aliás, imagino que esse valor esteja diretamente relacionado a quem o usa e da forma que se usa. E é esse o ponto que quero chegar.
Quantos de nós trabalhamos, estudamos, fazemos algum tipo de curso, praticamos esportes, frequentamos academia, frequentamos algum tipo de grupo/clube, descansamos o tempo que der, fechamos os olhos e, de repente, temos que acordar pra recomeçar toda loucura novamente.
Tudo isso serve pra gerar resultados, conquistas, e o objetivo é ter uma vida confortável, certo?! Se não for pra isso, pra que mais seria? Eu acho que todo esforço recompensado é extremamente válido. Mas a minha grande dúvida é: a que preço? PREÇO! Isso nos remete a valores. Algumas pessoas dizem que tempo é dinheiro. Eu discordo. O tempo é infinitamente mais valioso.
Em minha última postagem aqui no blog, foi feita uma homenagem ao meu avô que veio a falecer nessa última semana. Faleceu com 82 anos bem vividos e, mesmo assim, a perda nos causa um vazio que não pode ser definido. Ele era um senhor amigo de todo mundo, respeitado, amado, fazia de tudo pra agradar. Essa semana me peguei refletindo e pensando 'eu poderia ter feito mais por ele e junto dele'.
Ele gostava de me ver tocar, cantar... acho que tinha orgulho por eu ter crescido bonito, saudável e inteligente (segundo ele). E a questão é: Porquê só agora? Porquê não refleti sobre isso mais cedo? Pensando além, percebi que tenho feito isso o tempo todo sem ao menos 'ter tempo' (se é que me entendem). Com toda a falta de tempo, temos tempo para ignorar e nos desfazer das pessoas. Quanto tempo demora um abraço? Quanto tempo demora um olhar nos olhos pra dizer 'eu te amo' ou 'você é importante pra mim.'? Quanto tempo?
Antes que alguém possa pensar algo parecido, esse não é um texto de remorso pelo falecimento do meu avô, é uma reflexão a qual eu pude usar esse fato que aconteceu a pouco e que envolve diretamente a mim e minha família.
Um outro exemplo: há alguns meses atrás uma de minhas irmãs foi viajar pra longe, se não me engano, estávamos brigados por algum motivo. Briga de irmão, sabe? O fato é que quando ela foi viajar daqui até a Bahia de carro, eu fiquei pensando o quanto poderia ser perigoso durante o percurso, na estrada, no mar, ou algo assim. Eu fiquei completamente insatisfeito com tudo aquilo e, é claro, de alguma forma isso me pesava a consciência. Desejei com todas as forças para que Deus cuidasse dela, porquê eu a amo e obviamente não gostaria que nada de ruim acontecesse. Ela saiu de viagem e eu nem me despedi. E se acontecesse algo? Como eu ficaria? Que peso isso teria durante toda minha vida? Pretendo não mais arriscar desse jeito.
Posso também dar o exemplo do meu outro avô, Manoelino Gomes Frade, de quem eu herdei meu sobrenome. Ele adorava pescar, ficar na beira do Rio... sabia tudo sobre como pegar um peixe, mas acabei não aprendendo nada por estar ocupado com coisas que eu sequer consigo me lembrar. Não são escolhas absurdas, não são escolhas que caso tenhamos feito uma teremos que abrir mão da outra: 'ou eu vou trabalhar ou dou um abraço', 'ou eu vou brincar com meus amigos ou vou aprender algo com meu avô'; Não! Dá pra fazer tudo isso e aproveitar melhor o que chamamos de vida. Sim, porquê muitos dos que dizem viver, apenas sobrevivem para manter sua rotina diária.
Na hora da perda, pessoas mandam coroas, arranjos de flores pra quem já se foi. Está mais do que na hora de aprendermos a dar essas flores e prestar homenagens em vida, enquanto é tempo, enquanto é 'dia'.
Falei todo esse tempo sobre morte porquê está diretamente ligado ao tempo. Muitos de nós só reflete o quanto foi valoroso ter alguém ao nosso lado, quando perdemos essa pessoa.
E deveríamos reconhecer que por falta de tempo pra sermos nós mesmos, acabamos morrendo também. Não se trata de morte 
física. Muitas vezes, diante de tudo isso, de todos os nossos compromissos desenfreados e mecânicos, deixamos morrer quem somos. Como diz a frase de uma canção que gosto muito: 

'Quem não tem tempo para amar, morre por dentro a cada segundo' (Thiago Grulha).

Amar, demonstrar, se importar, sentir, sorrir, chorar, mais do que qualquer outra coisa, ISSO é viver.
Quantas vezes deixamos de falar com amigos por mágoas, fazemos votos de silêncio porquê fomos desagradados e nos achamos no direito de não mais conversar e ignorar pessoas; brigas por motivos tolos, sem importância. Até que chega o dia de uma grande perde e você percebe que nada daquilo valeu a pena. Nada! Nem um pouco, nem um pingo.
Podemos falar de outras coisas: um amigo que se mudou e deixou saudades, um amor que você deixou partir por não se dedicar, pessoas que entram em depressão por não se sentirem amadas ou importantes. A culpa é de quem? Quantas vezes conseguimos dizer  ao nosso pai o quanto o admiramos pela inteligência, coragem, o modo com que conseguem sustentar uma família, ou à nossa mãe, que por mais que elas façam o papel de mães chatas, elas ainda são amadas porquê sabemos o quanto se preocupam, querem nosso bem, nos protegem, nos educam, passam nossa roupa amassada e mais milhares de coisas que só uma mãe consegue. Tô mentindo? E quantas vezes nós dizemos um 'obrigado' por tudo.'?Alguns implícitos precisam ser expostos!
Não acho que seja fácil, é um exercício diário já que tudo que temos aprendido é que devemos ocupar nosso tempo estudando, nos aperfeiçoando, trabalhando, enriquecendo e, quando chegamos na idade de colher esses frutos, muitas das pessoas que nos suportaram pra estivéssemos lá não vão poder se alegrar com nossas conquistas. Talvez porquê o tempo afasta, talvez porquê tenhamos usado muitas delas pra fazer nossa própria escada, pisando para subir, ou talvez, porquê elas já se foram e perdemos tanto tempo com nós mesmo que não tivemos chance(será?) de agradecer. 

'Pra quê tanta evoluçãoSe o crescimento sempre fica para trás.' (Daniela Araújo)


Andei pensando a respeito e cheguei a conclusão de que quem eu sou devo a muita gente que passou pela minha vida. Conheci grandes amigos através de outros. Aprendi diversas coisas com esses amigos. Quantos músicos excepcionais! Quantos conselheiros! Pessoas com quem só por conversar me senti mais calmo, mais sábio. Pessoas que reconheceram o que representei e represento na vida delas. Aliás, fico realmente feliz quanto isso acontece. Pessoas que me abraçaram e fizeram com que eu me sentisse importante. Essas são pessoas que, de fato, têm me oferecido flores em vida.
Novamente chego ao ponto de que tudo que temos almejado é TER algo afim de SER alguém, quando deveria pensar exatamente o contrário, SER alguém para conquistar e TER o que almejamos. O mais legal é que quando invertemos essa ordem, quando temos convicção de quem somos passamos almejar coisas que realmente valem a pena, que vão nos preencher por completo e não só o nosso tempo. E, no final, aprendemos que, de fato, valor é totalmente diferente de preço.
Quantos amigos, parentes, esperam palavras de força, carinho, ânimo vindos de nós e seguidos de ações que realmente contribuem pra uma melhora. E, novamente, digo que o abraço, o sorriso, a atitude em favor daqueles que precisam, são remédios que não se podem comprar por aí.
Tudo isso se resume em um mandamento bíblico e, mesmo para aqueles que dizem não acreditar, devem concordar que é uma questão de  senso comum: Amor ao próximo.


Como diz a frase de uma canção que eu gosto muito: 'Quem decide amar, decide viver'.
Que possamos viver cada sentimento, cada abraço, cada olhar de maneira intensa. Sem termos do que nos arrepender mais tarde.


Vou deixar os links das duas canções que me inspiraram e influenciaram diretamente para que eu escrevesse esse texto. Espero que ouçam e reflitam.


Desejo que cada um de nós valorizemos cada segundo e cada pessoa que amamos... a cada dia.


1- Tempo Para Amar - Assistir


2 - Flores em Vida - Assistir
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Dedico esse texto a cada pessoa importante em minha vida. Pessoas que me ajudaram em minha formação me ensinando os verdadeiros valores. Pessoas que passaram na minha vida e me fizeram crescer, aprender e entender muitas coisas. Pessoas que foram, passaram e ainda, as que permaneceram e hão de continuar. Pessoas presentes em minha vida agora. Pessoas que em incentivam. Pessoas que partilham dos mesmos sonhos que eu. Pessoas que partilham das mesmas opiniões; Aos que me propiciaram sentimentos intensos e voluntariamente ou não, fizeram com que eu aprendesse com eles. Aos amigos de verdade, aos que eu amo, aos que são importantes pra mim e sabem disso. Aos primos e parentes que eu deveria visitar. Aos amigos que eu deveria dar mais atenção. Aos que eu deveria valorizar ainda mais o carinho que têm por mim. Aos que cantam comigo, aos que tocam comigo, aos que curtem a sonzeraaa (rs), aos que sorriem, choram, se alegram, brigam, implicam, aos amigos distantes que  também se importam...
A todos esses dedico cada linha dessa postagem. Não acho que seja muito. Apenas uma de muitas flores que pretendo oferecer em vida, enquanto é tempo.



Vinícius Frade



domingo, 8 de julho de 2012

Receita Do Tio Nino (Saudades) - Por Débora Menegoti


Parte do texto feito em homenagem ao meu avô, Sebastião Veloso, vulgo 'Tio Nino', pra quem quiser ler o texto completo, deixei o link no final dessa postagem, ok? Uma linda homenagem que resolvi postar em meu blog também.
(...)E ele, esse senhor encantado que é o tio Nino, raizeiro muito sábio, das histórias mais bonitas, disse que a menina Zuína com muito custo se safou da pior cobra do mundo, (quando morava por lá,) com a ajuda do grilo Esperança. Dizem que naquele tempo a cobra tinha uma voz medonha!
Tio Nino também me contou que o segredo da vida daqueles que tinham força ‘demais da conta', era um trago de vinho ou cachaça, curtido na sucupira e decido goela abaixo antes de todo amanhecer! Sarava segundo ele qualquer reumatismo e artrite! E assim tinha ele remédio pra tudo nas plantas que ele sabia como a palma de sua mão o que servia para quê...
Ainda lembro-me que tinha uma receita, (a melhor de todas! Achava muita graça nesta, quando era ainda uma menina ), que segundo ele, o chá da casca de uma árvore chamada "Barbatimão" (Stryphnodendron), fazia o sujeito extremamente viril, deixava o homem muito mais "poderoso"! Enquanto podia por outro lado, com um simples banho genital do chá da casca dessa mesma árvore, fazer que toda mulher pudesse ser "fechada" novamente! Juro! Diziam que era o elixir da virgindade! Foi o que ele disse! A planta é tão potente que cura hemorragias, infecções e até neutraliza veneno da picada da Surucucu! Meu tio Nino, raizeiro muito competente, já sabia disso tudo! Tudo isso ele me contava, e disse sobre tudo isso antes mesmo das pesquisas realizadas na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Ate hoje imagino quase sentindo o sabor dos frutos que ele me fazia imaginar possiveis de nascer nas arvores que plantávamos juntos, a de chocolate seria a mais cobiçada!
E contava assim firme mas sempre calmo, devagarzinho, baixinho, me chamando de dedéinha, débinha... Andando com suas botinas gastas com sua camisa bem alinhada cobrindo sua magreza...
E era tudo isso mais uma dobrinha do céu para mim. Camada feita de sol, carinho, Daquela voz arrastadinha, tão serena, de meu tio tão amado, tão sabido!
obrigada por todo universo de fantasia, amor e humildade que semeou em meu peito!  

durma bem, durma em paz... 
                                                                    Dedéia

Fonte: http://almadepassaro.arteblog.com.br/468761/Receita-Do-Tio-Nino/

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Crônica de um reencontro

Na vida dele tudo caminhava de modo comum, com seus altos e baixos, mas comum.
Ela, por sua vez, recuperava a vida que perdeu por algum tempo, talvez por conta de uma escolha errada, mas agora se recompunha para voltar a sorrir.
Ele tinha seu trabalho e atividades. Ela com seus afazeres e estudos. E muitas dessas coisas que faziam separados era algo de gosto comum entre os dois.
Eles se falavam ocasionalmente, gostavam disso, se respeitavam, mesmo que não tivesse dado certo entre eles, mesmo que tudo que soubessem um sobre o outro é que estavam bem.
Houve uma viagem, ela estaria ali, na frente dele, mais uma vez. Ele sabia que seria bom revê-la pelo simples fato de gostar dela. Para ele, o esperado que, porventura pudesse acontecer, eram olhos nos olhos, dois sorrisos, um abraço apertado e as possíveis novidades. E então, ele foi ao encontro dela como um bom amigo.
Ele havia se preparado pouco, mas não sabia disso. Chegou, tocou a campainha e aguardou por alguns segundos com uma imagem já formada de quem ele estava por ver. Ela saiu, pareceu diferente da menina que ele conheceu e, de fato, estava. Ele não soube explicar o que era e nem se deu ao trabalho, estava feliz por vê-la e isso bastava. Pra ele, uma coisa era fato: ela estava linda como nunca.
Ela também parecia feliz, de bem com a vida, conversando, sorrindo. Ele, por sua vez, estava contente por vê-la bem e impressionado com a forma de como o diálogo fluía entre eles, isso o prendeu.
Ela agia como se estivesse em casa, com naturalidade. Ele, de alguma forma, se sentia encantado e atraído, não por beleza, mas por quem ele via e pela sintonia que existia ali. Encantado a ponto de se deixar levar.
Enquanto ela falava, ele olhava seus olhos, seu rosto, sua boca, seu jeito. Ah! O jeito dela, isso era uma coisa que o encantava definitivamente e, como se atraído por algum tipo de gravidade, ele se aproximava dela.
Ela sabia da intenção dele e, de alguma forma, ela não ficou surpresa, como se esperasse por isso, mas ao contrário do que poderia se imaginar, ela não correspondeu. Ele estava por entender o que se passava. E se querem saber, seu maior erro foi pensar que tudo continuava a mesma como antes. Ele sabia o quanto ela havia gostado dele e confiou que algo ainda estivesse ali, dentro dela, mas não estava, ou talvez estivesse, mas ela, diferente dele, soube dominar o que sentia. Enquanto ele se perguntava o por que ela hesitaria, ela o contou a história de como a vida havia sido dura e o quanto ela havia aprendido enquanto ele achava que tudo ia bem. Que ele se sentiu culpado é um fato. Pensou com ele mesmo, onde estava todo aquele tempo em que, talvez, pudesse ser útil pra alguém que era importante em sua vida. Ele se achava bom em dar conselhos, mas quando de fato poderia ser útil, não estava lá.
Ela sabia que não havia sido culpa de nenhum dos dois, e sabia também que ceder ao apelo do beijo não seria mais que superficial naquele momento. Ele entendia, por mais que não aceitasse, entendia que um beijo não faria com que tudo voltasse ao normal, não faria com que as experiências ruins fossem apagadas e insistir no beijo somente por insistir, seria egoísmo.
Ela, por mais que houvesse sido abalada pela situação, se mostrou firme em sua postura e opinião, sem pestanejar.
Ele ainda não sabia, mas cada contato feito naquela noite, cada olhar, cada abraço, mão dadas, ficariam marcados dentro dele.
Na mesma noite, ele confessara que era ao lado dela que ele gostaria de estar e somente dela. Ela insistia no pretérito imperfeito.
Não se sabe o que realmente passou na mente dela nessa noite, quais as reações, quais raciocínios. Ela aprendeu a se guardar, se proteger, talvez até demais, talvez não.
Ele ainda por entender, tão certo de que tudo do passado havia ido embora, ficado para trás e agora essa situação. Então ele supôs que talvez o passado deles houvesse realmente ido embora, era nada mais que lembrança. Agora ela era uma nova mulher, mulher pelo qual ele havia, inconscientemente, novamente, se apaixonado.
Ela havia conquistado novas amizades, novos afazeres, uma nova personalidade, mais forte e mais fria, havia construído um belo escudo em torno de si, se protegia das dores, frustrações, decepções. Mas esse mesmo escudo a impedia de ver os riscos que poderiam ser bons ela se fechou pra ele. Eu poderia ser imparcial, mas acho que ela estava certa, ele, mesmo que inconscientemente, achava que tinha meio caminho percorrido, meio jogo ganho, começou a construir pelas metades quando os alicerces precisavam ser totalmente refeitos.
Ele conseguiu enxergar isso depois de ver que, talvez, já não tivesse mais tanta importância na vida dela. Começou a procurar respostas dentro dele. Por vezes quis se colocar no lugar dela para tentar entender o que causara tanta mudança, e então, ele compreendeu a dor e o ataque sangrento a um ego vulnerável. Conseguiu entender e ter dentro dele a raiva, decepção e mágoa que ela sentiu. Quis ele ser a cura para isso e tentou de um modo um tanto quanto atrapalhado e desastroso, causou efeito, mas pra ela, era um efeito passageiro.
Durante determinado tempo ela havia recebido promessas, palavras carinhosas, olhos nos olhos, músicas, poemas, flores, carinho e um suposto amor. Todos esses quebrados em cacos que não se pôde colar. E então, mais uma vez, ele entendeu que, pra ela, os valores eram diferentes, por que os cacos haviam se quebrado e o que era belo havia sido feito em pedaços.
Ele tinha amigos que a julgavam por ela não corresponder a certos atos que, em outros casos, provavelmente surtiriam muito efeito. Ele sabia que, no ponto de vista deles, eles estavam certos. Mas ela tentava olhar as coisas do modo dela, ele enxergava isso. A única pessoa que ele conseguia culpar era o responsável por fazê-la parar de ver o brilho no que era lindo e de coração. Ele começou a culpar quem simulou a construção de bases sólidas de concreto e no final não era nada mais que uma casinha mal feita de papelão.
Ela já havia dado o veredito e não entendia o porquê ele insistia em entrar com recursos. Na verdade ele também não entendia, queria seguir seu coração, era no que ele acreditava, mesmo sem entender.
Antes que um ponto seja esquecido é preciso ser dito. Por mais que houvesse mais pontos em comum entre eles do que possamos comentar, havia uma dificuldade: distância física. Para ele, só um detalhe, para ela impossível de lidar.
Ela insiste em dizer que precisa de alguém perto, presente. Para ele, o ‘estar perto’ não tinha apenas a ver com o ‘estar ao lado’, mas sim com o ‘estar dentro’.
Ele pode confirmar isso em uma das vezes que se colocou em viagem para vê-la, para dizer o que tinha pra dizer de perto, queria comprovar sinceridade. Ele olhou para o todo da situação e viu que, em todas as tentativas de conversar, não teve mais que alguns minutos sozinho com ela, trinta, talvez quarenta. Percebeu também que mesmo estando ali, perto, ela conseguia o evitar. E então se confirmou: ele não estava dentro dela. Ela estava dentro dele, cravada, e ele havia cometido um erro que há muito tempo não cometia: havia se jogado na possibilidade e agora estava preso ao fato de a querer pra ele. Ela estava distante, mesmo ali, ao lado. Enquanto que, pra ele, mesmo longe, ela estava presente, pois estava dentro dele. E pela primeira vez em muito tempo ele chorou ao perceber a indiferença. Ele gostava da mulher que ela era, mas queria o sorriso e alegria da menina que outrora ele havia conhecido. Não era algo o qual ele precisava se expor, era uma opção dele, por isso não culpou ninguém. De todas às vezes, esse foi o único fato o qual ele não entendeu e nem poderia escrever a respeito mesmo tendo algum talento com palavras. Não entendia como seu veredito poderia ser dado em tentativas de quarenta minutos, com base em um passado que não existia. Ele queria mais, queria passar tempo, queria poder provar que sua companhia valeria a pena.
A não ser por falar de suas teorias ideialistas e cantar suas canções feitas pra ela sem nenhum efeito. Se sentiu preso, preso do lado de fora do abraço. Não teve essa chance.
Ela continuou com algumas lembranças que ele havia deixado, não se sabe o quanto ela pensou a respeito.
Ele queria um tempo pra colocar a cabeça no lugar, tentar esquecer por meio do tempo lhe pareceu uma boa saída. Ler livros, viajar, rever amigos.
Continuou escrevendo pra ele e para que outros pudessem ler e os temas sempre lembravam alguém. Talvez ele quisesse escrever sobre coisas que pudessem ajudá-la a se encontrar também, tentou primeiro compreendê-la para que depois pudesse explicá-la a ela mesma.
Ele, com sérias dificuldades, conseguiu se afastar e disfarçar um pouco do que sentia, ele queria respirar e deixar que ela respirasse, por entendê-la mais do que ninguém, ele se fez forte para agüentar mesmo achando, às vezes, que poderia explodir.
Nesse período, não houve um só dia em que ele não pensasse nela e em alguma forma de fazê-la pensar diferente. Ela estava ali, todos os dias, dentro dele e ele não podia tê-la, não tinha essa permissão. Pra ele tudo se resolveria caso essa permissão fosse concedida.
Soube-se que na última noite ele acordou assustado por ter um sonho ruim, ela estava nos braços de outra pessoa, fisicamente perto, não tão perto quanto ela estava dentro dele, mas ele nada mais poderia fazer, foi um choque.
Pela manhã percebeu que era só um sonho, agradeceu aos céus. Sabia que mesmo fora do sonho tudo que poderia fazer era esperar e, por falar em esperança, se lembrou que era seu aniversário e torceu pra que ele pudesse ter o que, pra ele, seria o melhor dos desejos concedidos: ela.


Vinícius Frade

terça-feira, 1 de novembro de 2011

E as cicatrizes?

Shen: Como encontrou a paz? Eu tirei seus pais de você. Tirei tudo. Eu deixei uma cicatriz incurável.
Po (Panda): A questão é essa Shen. Cicatrizes se curam.
Shen: Não, não se curam. Feridas se curam.
Po (Panda): Tá, e as cicatrizes? Fazem o quê? Somem?! É isso?!
Shen: Não tô nem aí pras cicatrizes.
Po (Panda): Mas devia, Shen. Você tem que deixar o passado pra trás porquê não tem mais importância. A única coisa que importa é quem você vai escolher ser agora.

(Diálogo retirado do filme 'Kung Fu Panda 2')

Pois é, apesar de ter sido retirado de um filme infantil, esse diálogo me chamou a atenção. De um lado Shen tentando entender como, apesar de todos os motivos que tinha, Po havia conseguido encontrar paz interior. Em outras palavras, havia superado seus traumas.
Po continua o diálogo dizendo que cicatrizes se curam, e Shen contra argumenta dizendo que são as feridas que se curam. Então surge a dúvida: 'E as cicatrizes? Fazem o quê?'. Sem nenhuma resposta, Shen ignora o fato das cicatrizes e surge a parte do diálogo que eu mais gosto onde Po fala que o passado deve ser deixado pra trás, porquê não tem mais importância. O que importa é de agora pra frente, o que você escolhe ser a partir de agora.
Com base nisso comecei a pensar: 'Quantas pessoas por aí se deixam ser tomadas por seus traumas, experiências ruins e com base nisso passam a viver o resto da vida, não se desprendem'. Essas pessoas usam como argumento ter vivido uma experiência que as ensinou algo. Mas como usar um argumento desse tipo se quando a situação muda todo o contexto também muda? Como usar uma situação passada para justificar uma escolha presente de contexto desigual? Por isso eu gostei da parte em que o Po fala que isso tem que ser deixado pra trás. Como se fosse não simples né, Vinicius?! Realmente não é. Essas experiências são gravadas em nossas memórias, ferem nosso ego, nossa auto-estima e passam a ser a única referência no futuro, como uma defesa, um escudo. Pra quem acha que isso é habilidade de defesa, de inteligência... cuidado, pode ser uma armadilha. Mas o fato é que você não deve deixar de fazer algo sempre que isso incomodar você, porquê se incomoda é porque ainda dói, se dói é porque a ferida anda aberta. Isso é prisão, é cárcere. Como se libertar disso, então?! Vou tentar parar de argumentar de modo vazio e me atrever (é atrevimento mesmo) a explicar (ou tentar explicar) cientificamente com base em uma teoria chamada 'Psicologia Multifocal'.

Quando alguém tem sua autocrítica e intuição trabalhados essa pessoas consegue explorar melhor sua mente e certamente será mais versátil e flexível pra enfrentar suas dificuldades, conseguirá ver ângulos diferentes de uma mesma situação. Caso contrário seus obstáculos serão gravados de uma maneira supervalorizada por um fenômeno da memória chamado RAM (Registro Automático de Memória). Formando, assim, zonas de conflitos, chamadas na Pscologia Multifocal de janela killer (por esse nome já da pra se ter uma idéia). As janelas killer são pequeníssimas áreas do córtex cerebral e nelas estão arquivadas nossos traumas, fantasias, fantasmas, crises, fobias, ciúmes, sentimentos de inveja, baixa auto-estima, timidez, complexo de inferioridade, de ser perfeito, entre outras coisas. Pra se ter idéia, o volume de ansiedade ao entrarmos em uma janela killer é tão grande que BLOQUEIA o acesso a milhares de outras janelas, impedindo que o 'Eu' encontre informações para construir pensamentos e idéias inteligentes. As janelas killer (ou zonas de conflitos), travam ou bloqueiam os códigos da inteligência, a lucidez, o raciocínio esquemático, a serenidade, a sabedoria, a racionalidade humana. Fazendo com que as escolhas de quem tem um trauma ou experiência não superados sejam, no mínimo, questionáveis.
Por outro lado, temos as janelas light que contêm as experiências de segurança, solidariedade, tolerância, generosidade, os prazeres, autoconfiança, auto-estima, a capacidade de se colocar no lugar dos outros. As janelas light, ao contrario das killer, promovem os códigos da inteligência. Essas janelas da memória são um território de leitura em um determinado momento existêncial (momentos do dia-a-dia, da vida). O seu desafio (e o meu) é abrir o máximo de janelas em um determinado momento gerando respostas lúcidas e coerentes. Entretanto, quando estamos raciocinando e entramos em uma janela killer, as experiências doentias que existem nela geram um volume de ansiedade tão grande que bloqueia o acesso às demais janelas. E assim, reagimos instintivamente, sem realmente pensar de modo inteligente, esquemático e criativo. Passamos a pensar instinto, proteção, de modo frio. Produzimos respostas irracionais, agressivas e débeis. Por exemplo se uma pessoa vê um raio caindo  e não interpretar o código da autocrítica fazendo-se saber que este é um fenômeno natural e filtrar o estímulo estressante (susto) que o raio pode causar, o raio deixará de ser apenas um fenômeno natural e passará a ser um fenomeno sobrenatural, será associado a um deus ou um monstro, gerando superstições, traumas e dogmas. E toda vez que um raio cair, sua janela killer será aberta e sua ansiedade, angustia, susto ou medo será extremamente valorizado por sua mente e o que seria naturalmente um raio passa a ser um 'monstro' ou 'deus'.  Parafrasiei e complementei Augusto Cury, 2008, 'O código da inteligência', pag 34. 

Só há uma maneira de amenizar tudo isso e é treinar e aguçar os códigos da inteligência. Por exemplo se você desenvolve o senso da autocrítica não dará um valor sobre-humano sobre as palavras, imagens ou opiniões de certas pessoas. Eu, Vinícius, por exemplo, descobri que desenvolvi o código da resiliência. 'Vinicius, o que é isso?!'. Vamos recorrer ao Google:  A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. Pode- se dizer ainda que a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto de tomada de decisão entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer.Essas decisões, propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.

Ok? Podemos continuar? Então, eu de algum modo, desenvolvi a capacidade de superar certas adversidades e sempre continuar tentando. E esse é só um dos vários códigos que poderiam e deveriam ser desenvolvidos por nós (carisma, altruísmo, autocrítica, debate de idéias, intuição criativa). Pois então, se de um modo científico, pudermos explicar como as feridas são feitas em nós, é esse o modo, essa janelinha no córtex cerebral. Mas então supondo que a ferida se cure e fique somente a memória do que aconteceu, essa memória é a cicatriz e a questão lá em cima feita pelo Panda Po, não foi respondida ainda. 'E as cicatrizes?'. Bom eu diria que as cicatrizes são as marcas necessárias pra lembrarmos o que passamos, mas agora sem dor, sem medo de que algo toque naquele lugar, porque agora já não dói. E então eu, Vinícius, respondo a pergunta do pandinha: as cicatrizes são marcas que nos lembram que ali houveram feridas, mas elas se curaram e estão ali não como trauma, mas como lembrança de que passamos por dores, superamos e pudemos prosseguir com nossas vidas de forma saudável.

Só mais uma coisa, sabendo disso tudo pense bem quando estiver tomando deciões e fazendo escolhas, não use suas feriadas como base, tenha a cicatriz como referência sim, mas não como ponto principal. Aguce sua capacidade intelectual, autocrítica, inteligente e criativa. São esses códigos que vão fazer você analisar o que realmente é relevante.


Agradeço a leitura (:
Vinícius Frade

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O amor de cada um

Como começar a falar de um tema o qual vários pensadores conceituados tentaram definir? Pessoas de renome, escritores, compositores, poetas. E o mais interessante é que dentre tantas opiniões de tais pensadores sempre há peculiaridade, sempre há uma característica única. E sabe por que? Porquê cada um tem sua definição do que é amar, cada um tem suas próprias experiências. Não há maneira de definir o amor senão por experiências próprias. Isso se da ao fato de que as definições dependem de quem as vivencia. É como um cálculo matemático que depende de vários fatores para que o resultado seja exato, ou ao menos correto, sem ser exato mesmo. Imagine você que há quatro tipos de cálculos da mesma espécie, mas os fatores são diferentes, alguns são constantes outros não, pode ser que alguns números sejam inteiros e outros fracionados e provavelmente você tenha que usar um recurso, uma fórmula diferente pra cada uma delas. Isso até que não é complicado, porque a matemática trabalha com exatidão, raciocínios lógicos, e se você domina isso dentro da matemática, tá tranquilo. Já o amor, o sentimento, não há como dominar, mesmo que você tenha passado por algo que te faça dominar seus sentimentos, logo você se apaixona por outra pessoa que requer recursos totalmentes diferentes. Não há regras, receitas, módulos ou fórmulas mágicas que faça com que tudo dê certo. Eu vou tentar te explicar o motivo. Imagine você dois mundos diferentes, cada um com suas culturas, seus gostos, filosofias, hobbies, valores; imagine, também, que de repente, as gravidades comecem a se atrair e esses planetas acabem se fundindo (aham, eu sei que eu viajei legal agora, mas vai fazer sentido, aguenta aí). Pois então, sabendo que são completamente diferentes, qual a possibilidade de essa fusão ser tranquila? Quase Nenhuma! Provavelmente haja luta para que suas culturas sejam impostas, suas filosofias aceitas, suas regras obedecidas e para que o reino mais forte seja estabelecido. Certo, agora passemos isso para outro contexto. Vamos supor que cada um de nós, cada pessoa, seja um mundo desses. Somos criados de formas diferentes, crescemos de maneiras diferentes, temos influências de amigos diferentes, professores, ídolos, experiências... Tudo diferente. De repente você no seu mundo é 'arrastado' pelo 'poder gravitacional' de outra pessoa. E aí? O que acontece?! Aí alguém muito atento pode responder 'guerra', e é uma resposta lógica devido à analogia dada anteriormente. Mas, definitivamente, não é isso, não é guerra. É uma fusão, uma união pacífica. Porquê? Tá ai uma boa pergunta! 'Porquê as pessoas se apaixonam e se gostam, apesar de todas as diferenças?’. Acho que é aí que entra o tal do amor, pode ser até paixão, não é a mesma coisa, mas já é um indício forte. Em meio ao que poderia ser guerra o amor torna pacífico, aceitável e até necessário. O amor ensina a respeitar diferenças, a aprender com o outro e a precisar do outro. E é claro que eu estou falando do que é recíproco, porquê o amor pode machucar também. Já ouviu falar que 'o amor é o fogo'? Pois é, ele pode tanto te aquecer, quanto te queimar. É um risco que se corre quando se expõe ao amor, você fica bobo, sensível, vulnerável, tudo te encanta, por outro lado, se você já foi vitima de sofrimentos em relacionamento você vai ter medo de sentir tudo isso e, no final, se decepcionar. Mas é exatamente esse medo que te impede de se expor, de dizer o que sente, se arriscar. Pessoas deixam de amar pelo simples fato de evitar escolher evitar o sofrimento. Agora eu te pergunto: realmente vale a pena? Vale a pena deixar de sentir, de ter experiências que poderiam ser boas, deixar de sentir o coração bater mais forte, sentir sua respiração ofegante, sentir o riso involuntário quando pensa em quem se ama? Cada um é cada um, mas digo por mim, não vale a pena deixar de sentir tudo isso. Deixar de viver uma experiência pela possibilidade de não dar certo? Ah PARA!  Gosto muito de um trecho de uma canção que diz o seguinte:
‘Se a gente perder, que seja derrota suada, sofrida, roubada, de mão beijada nem a pau.
 Se a gente ganhar que seja vitória disputada, merecida, conquistada, vou pro pau.
 Apostar a parte bacana do Tal do Amor’ (Tal do Amor – Jay Vaquer)

Tem uma outra composição, essa é minha (YEAH) junto com o meu querido irmão Tácio Ferreira que diz o seguinte: ‘Se é pra ser, que seja pra valer’.
Não falo de amor doentio ou possessivo, aliás, isso nem é amor. Eu falo do amor que tem o desejo de cuidar, o desejo de estar ao lado, fazer bem à outra pessoa, mostrar que você pode ser bom. E quando isso não acontece, quando você não consegue, não se culpe. Pior é não ter feito nada pra dar certo, não ter se doado, ter amado pelas metades, ou pior, nem ter amado. Eu defendo o ato de amar, de ter esse sentimento, de vivê-lo. Por mais que pessoas digam que não vale a pena, que não vai dar certo, acredite! Afinal, só você sabe o que realmente se passa dentro do seu coração, quais são suas dúvidas, isso é único, é seu. E essa fato reforça o argumento de que cada bom escritor como Caio Fernando Abreu, Clarice Linspector, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Drummond Andrade, entre outros. Cada um desses fala do amor com uma imensa propriedade junto de uma imensa particularidade. Eles falam do amor sim, mas do amor vivido, do amor que vem de experiências pessoas, do amor que cada um deles sentiu. Então não se coloque na frente do computador achando que todas as frases servem pra você, que todas as respostas estão lá ou em livros, revistas, buscas do google. Uma coisa ou outra com certeza pode servir, pode te ajudar a diagnosticar seu sentimento, mas quem, de fato, pode dizer o lugar exato é você mesmo. Olhando, sabe pra onde?! Pro seu 'eu', pro seu interior, seu coração. Ah, outra coisa, não confunda empolgação com amor, é um grande erro. O amor é uma coisa grandiosa que não passa em um mês ou dois, não é algo que se troca como se troca de roupa. Como diz um amigo meu: ‘Tem gente por aí que encontra o amor de sua vida cinco vezes ao ano’. E é um fato, tem gente que simplesmente transpõe o sentimento pra outra pessoa, como se não fosse não, mas que fique claro, esse sentimento não é amor. Isso é coisa de quem não sabe o que quer e não sabe o que sente. Tenha convicção de quem você é e o que você busca. Vale a pena lutar por essa pessoa? Se a SUA resposta for sim, vai na fé!
O que podemos especular a respeito do amor é o resultado final dele. Ele pode ser lindo ou desastroso, isso nós sabemos, são as possibilidades. Talvez saibamos até os processos, mas tem uma coisa que não sabemos: as reações. Sim, as reações. Eu não sou muito bom de química mas sei que elementos diferentes produzem reações diferentes. O amor pode ser um elemento em comum o problema é o outro elemento com o qual ele terá reação: nosso coração. Cara coração é única e enxerga de maneira única, eu não posso dizer que a reação em você será a mesma que foi em mim, é diferente. Eu por exemplo me disponho a arriscar pelo que penso valer a pena. Se eu cair, fazer o que? Eu me levanto. A partir do momento que você deixa de se expor você também abre mão de coisas incríveis. Se você se esconde dentro de uma caverna você pode se sentir protegido e seguro, mas vai perder a beleza do que existe lá fora. E eu posso afirmar, por mais que, no final, não seja como pensei, eu faço minha trajetória valer a pena. Enquanto pessoas por aí preferem se esconder atrás de racionalidades, lógicas, conceitos sociais, e pré conceitos sobre o amor, eu penso ser um erro querer rotular e explicar que vai além da nossa compreensão. E outra coisa, pedir opiniões p\ra se situar diante de relações é comum. O que não é comum é você ignorar o que sente pra ouvir a opinião alheia. Gosto muito de uma frase do Steve Jobs:

"Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar." 

'Seu coração e sua intuição', alguém ai discorda? E olha só, se no final o resultado não for o esperado esteja certo de que você lutou até onde pôde,  se dispôs. Esteja certo de que seu percurso não poderia ser diferente e que, indepentendemente dos resultados finais, você deu seu melhor. E da próxima de o melhor de si novamente. E quando der certo, aí sim, você vai entender porquê sempre valeu a pena tentar. Não se importe com a opinião alheia. Como disse Arnaldo Jabour : Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo.  O que as outras pessoas realmente vêem? A não ser que você tenha um amigo muito sensível a você, que tenha realmente empatia quanto ao que você sente, essa pessoa não vai entender. Isso não quer dizer que seja um amigo ruim, aliás, não quer dizer nada. No final das contas quem tem que saber o que sente e o que quer é você, e só você.
Citando Arnaldo Jabour novamente:

Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz’.

E, se cabe um último conselho, aí vai um de Caio Fernando Abreu:

‘Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar,
e persiga-a até o fim.
Mesmo que ninguém compreenda
’. (C.F.A)  

(Ele é bom, né? Eu sei) Mas é realmente assim que eu acho que deve ser.
E se você quer realmente acreditar em uma fórmula mágica, acredite no seu melhor, acredite que você foi até onde pode e deu tudo de si. Se existe uma fórmula, acredito ser essa.
O resto deixe acontecer ; )

Vinícius Frade

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tu te tornas eternamente responsável...

Ontem a noite estava eu em meu quarto refletindo sobre essa frase que já ouvi e li em diversos lugares: 'Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas'. Quanta verdade há nessa frase, né?!  Quão profundo é esse pensamento! Eu, sinceramente, gostaria de pegar na mão do autor, dar uma abraço nele e dizer 'você é o cara'! 
Talvez no tempo em que ele tenha escrito isso fosse mais comum se responsabilizar pelo sentimento cativo das pessoas e, talvez por isso, ele tenha tido esse claro raciocínio.
Bem, na verdade eu não sei qual a ocasião, então, deixemos isso de lado. Agora vamos esclarecer algumas coisas que andam acontecendo e que têm me deixado um tanto quanto inconformado.
Hoje tudo é muito fácil, 'vamos praticar o desapego' diz alguém por ai, 'vamos curtir o momento' diz outro, e existem aqueles que não querem mesmo se envolver pelo medo de se expor, pelo medo de se machucar. Tudo bem, eu até respeito, é uma escolha sua e não minha. Desde que você seja sincero com quem vai se envolver e a outra pessoa aceite isso, é problema dos dois. Agora, o que eu não respeito é o fato de alguém armar uma tremenda situação pra se dar bem, se fazer lobo em pele de cordeiro só pra conseguir o que quer. Me deixe, por favor, definir uma pessoa que age assim: vagabundo, mau caráter, canalha, sujo e outras palavras de baixo calão que poderiam, com certeza, estar aqui.
E então nesse momento você deve estar pensando: 'Nossa, como esse menino tá revoltado'. Então eu pergunto também: E não é pra se revoltar? Pessoas têm cativado sentimentos, emoções, confiança de outras pessoas pra tirar-lhes o que possa ser de seu interesse e depois descartar como se fosse nada! NADA!
Então pra você que é um irresponsável e nunca parou pra pensar o que é cativar, aí vai:

 '(...)Que quer dizer cativar?
    - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
      Significa criar laços...
'
   (Trecho retirado do livro 'O Pequeno Príncipe')


E pra você que é mais desinformado ainda e não sabe o que é 'criar laços' eu dou minha definição. Criar laços, nada mais é que você se 'amarrar' a outra pessoa, como se fossem ligadas de alguma forma, você se apega a ela e ela se apega a você. Partindo do princípio de que tudo esteja claro, vamos continuar.  E antes que você leia e pense: 'nossa, ele ta revoltado porquê isso aconteceu com ele'. Não, não aconteceu! Mas eu tenho visto acontecer e não é apenas um caso ou dois.
Quanta irresponsabilidade uma pessoa pratica com esse tipo de ato? É um atentado à emoção, aos sentimentos, à psique. É um ato imoral diante da pessoa vítima e de quem a cerca. Como se não bastasse prejudicar apenas uma pessoa você prejudica o meio em que ela vive. E sabe porquê? Porquê ela foi cativada. Ela criou laços, ela se ligou em outra pessoa, se apegou a ela. E sabe onde está o maior problema disso tudo? Existiu uma pessoa irresponsável que permitiu que a outra acreditasse nessa história. Esse tipo de pessoa costuma simular tudo como um relacionamento de verdade, e o pior, torna tudo que deveria ser especial sem valor nenhum, palavras de amor, carinho, afeto, presentes. Tudo isso perde o valor por serem palavras vazias, atos vazios, e isso só pra conseguir o que realmente interessa, seja status, dinheiro, sexo. E o pior é que realmente consegue o que quer até se cansar e ir embora, assim, de repente, da noite pro dia. E sabe porquê é tão fácil? Porque essa pessoa que vai embora assim, nunca esteve envolvida de verdade, na essência. Ela não criou laços, apenas dexou a outra pessoa os criar. Covardia! Nem homem nem mulher que se preze tem esse tipo de atitude. As vezes acontece, eu sei, sem querer. Mas quem premedita isso não é nada mais que covarde. Lógico que tem que haver o bom senso da outra parte também. Tem gente que tem escrito na testa 'eu sou cafajeste e vou te enganar'. Mas o fato é que no final quem foi vítima sai machucada, desacreditada, sem esperança no amor ou sem acreditar em coisas que podem dar certo, se fechando pra relacionamentos que poderiam valer a pena. E novamente vem a dúvida na cabeça de alguém: 'E você Vinícius? Faz tudo certo?!'. Olha, se eu faço tudo certo eu não sei, mas quando eu erro, erro tentando acertar. Já fui o cara que não quis nada mais sério, mas eu deixei a outra pessoa ciente disso e já fui o cara que deixou de ficar com alguém que tava muito afim porquê sabia que isso faria a outra pessoa criar laços e se machucar, eu abri mão do que poderia ser prazeroso pra mim pra preservar a outra pessoa. Então, sou livre dessa culpa. Diante de tudo isso, se você se acha esperto(a), faz com que pessoas se apaixonem por você e abandona depois, eu vou te dizer: Vôcê é covarde, dissimulado, fraco e extremamente egoísta. Você fez pessoas pensarem que você estaria ali como apoio, como uma rede pra poderem se jogar e quando elas se jogam, não tem nada, não tem ninguém ali. Você fez a escolha de não se envolver, encare o fato e mantenha as pessoas informadas. Você pode destruir as expectativas e perspectivas de alguém e isso é triste. Não emperre o caminho de quem tá disposto a tentar de verdade. Se você faz alguém acreditar que pode contar com você, então você é responsável por essa pessoa até que ela deixe de pensar assim.
Seja responsável com suas atitudes. Sentimentos doem quando não cuidados, afetam a auto-estima, afeta quem realmente ama a pessoa que sofre. Isso deveria ser crime por lei.
Se você começou errado e ainda da tempo de consertar, faça isso, vale a pena. Esteja disposto a cuidar do que você cativou. Assim como um jardineiro está disposto a cultivar a semente plantada a qual torna uma linda flor que passa a crescer e ser linda e viva a cada dia.

'(...)Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas'
 
(Trecho retirado do livro 'O Pequeno Príncipe')


Vinícius Frade